Ciência e Cidadania
Ciência e tecnologia - Biologia, presente e futuro
Vivemos em um mundo admirável, que
se transforma a cada dia. As principais forças responsáveis por essa
transformação são as tecnologias advindas do saber científico.
Ciência é um modo de obter
conhecimento sobre a natureza; tecnologia, por sua vez, é a utilização de
conhecimento, científicos ou não, para a obtenção de resultados práticos. Por
exemplo, a descoberta de que microrganismos de tamanhos microscópicos
causadores de doenças presentes no leite morrem quando submetidos a
temperaturas superiores a 65°C, [um conhecimento sobre a natureza] permitiu o
desenvolvimento da técnica de pasteurização, uma tecnologia de tratamento por
calor que livra o leite de eventuais germes patogênicos.
A tecnologia é quase tão antiga
quanto a própria humanidade. O conhecimento de que objetos de borda afiada eram
cortantes permitiu aos nossos antepassados lascar pedras e produzir diversas
ferramentas primitivas, como pontas de flecha, facas e raspadores; essa
tecnologia foi fundamental para a sobrevivência da espécie humana. A produção
de objetos de pedra lascada, principal evidência do início da cultura humana,
mostra que a capacidade tecnológica está presente desde os primórdios da
humanidade.
Veja um exemplo, interessante de uma
antiga tecnologia que algumas tribos indígenas do Brasil ainda utilizam para
pescar. Conhecendo as propriedades anestésicas de certas plantas, os índios as
esmagam e fazem com elas uma preparação, que é jogada no rio. Quando os peixes
atordoados começam a flutuar, eles são capturados.
Ao longo da história, a tecnologia
modelou a civilização e permitiu, entre outras coisas, a construção de uma
infinidade de aparelhos mecânicos, elétricos e eletrônicos. No mundo
contemporâneo, ciência e tecnologia estão fortemente ligadas: conhecimentos
produzidos por cientistas são amplamente aplicados em diversas áreas, como a
indústria, a agricultura, a medicina etc. Pense, por exemplo, na quantidade de
conhecimento científico envolvido na tecnologia da tomografia computadorizada,
que permite observar detalhes internos do corpo de uma pessoa e fazer apurados
diagnósticos médicos.
Por outro lado, a construção de
armas como bomba de nêutrons, capaz de eliminar populações inteiras sem danificar
um só edifício, também exigiu o emprego de inúmeros conhecimentos científicos.
Esse é um péssimo exemplo de aplicação de conhecimento científico.
Em princípio, a humanidade utiliza a
tecnologia para construir um mundo melhor. Entretanto, os resultados do emprego
do conhecimento tecnológico são complexos e nem sempre previsíveis. Apesar dos
benefícios, também há custos e riscos. A poluição e os desequilíbrios
ecológicos do mundo moderno são os principais subprodutos negativos do
desenvolvimento de sociedades tecnológicas.
Um dos maiores desafios enfrentados
atualmente pela humanidade é a preservação do ambiente. O crescimento acelerado
das populações humanas tem levado à destruição de ambientes naturais, à
poluição e à extinção de inúmeras espécies. Isso afeta a qualidade dos
ambientes e se reflete diretamente no bem-estar humano. Não é por acaso que a
Ecologia, o ramo do conhecimento que estuda a interação dos seres vivos com o
ambiente, vem se tornando cada vez mais popular.
O problema ambiental tem causas
complexas, mas resulta, basicamente, do grande aumento da população humana e do
mau uso dos recursos naturais. No início do século XXI, a população humana foi
estimada em 6 bilhões de habitantes, e a tendência é que ela continue a crescer
em ritmo acelerado. Os resíduos produzidos pela atividade humana vêm se
acumulando e degradando o ambiente natural, fazendo com que os recursos se
tornem mais escassos e mais caros. A discussão do problema ecológico envolve
não apenas aspectos científicos, mas também questões econômicas, políticas,
filosóficas e religiosas. A Biologia tem muito a oferecer nessas discussões:
por exemplo, pode ajudar a controlar a explosão populacional, tanto pelo
desenvolvimento de novos métodos anticoncepcionais como pela compreensão dos
mecanismos que regulam o crescimento das populações humanas.
Juntamente com a Química e a Física,
a Biologia também deve participar do controle da poluição ambiental. A
conservação do solo, o manejo das ambientes naturais e a preservação das
espécies são pontos em que a participação das ciências biológicas tem se
mostrado decisiva.
Você provavelmente já ouviu falar da
Engenharia Genética, um campo de pesquisa biológica recente que consiste em um
conjunto de técnicas e métodos para manipular o material genético e criar
organismos antes inexistentes. Por exemplo, genes de uma espécie podem ser
isolados e introduzidos em outras espécies, conferindo-lhes propriedades
hereditárias novas, ausentes nos ancestrais. Organismos produzidos dessa forma
são denominados transgênicos, ou organismos geneticamente modificados (OGM).
A primeira aplicação comercial dos
organismos transgênicos começou em 1982, com a produção de insulina por
bactérias geneticamente modificadas. Com essa tecnologia, genes humanos são
implantados nas bactérias, que passam a produzir proteínas humanas de interesse
médico. Desse modo, aproveita-se a capacidade de multiplicação das bactérias
para transformá-las em verdadeiras fábricas de substâncias que nos interessam,
com a insulina ou o hormônio do crescimento, entre outras.
As modernidades de Engenharia
Genética têm permitido obter com relativa facilidade organismos geneticamente
modificados, sobretudo plantas. O cultivo em larga escala de plantas
transgênicas, no entanto, tem sido alvo de discussões acaloradas entre os
defensores e opositores dessa tecnologia, como você já deve ter acompanhado
pela imprensa. Os defensores acreditam que a inovação tecnológica poderá causar
uma verdadeira revolução na agricultura, com o aumento da produção de alimentos
e todas as consequências benéficas daí derivadas. Os que se opõem ao uso de
organismos transgênicos reclamam contra os possíveis perigos para a saúde humana.
Sendo assim, por um lado é preciso
ter certo grau de segurança quanto ao emprego dos organismos transgênicos,
levando em conta seus potenciais riscos para o ambiente e para a saúde.
Entretanto, também não se pode simplesmente abrir mão de uma tecnologia capaz
de trazer melhorias substancias à qualidade de vida das pessoas. Não deixe de
acompanhar essas discussões e formar sua opinião a respeito do assunto.
Exercite sua cidadania, "fique por dentro"!
Referências Bibliográficas
AMABIS
& MARTHO. Biologia 3ª ed. São Paulo: Moderna, 2010.
LACEY,
H. Perspectiva éticas: o uso de OGMs na agricultura. Ciência Hoje, n.203, abr.
2004, pp. 50-52.
Muito bom esse texto, gostei muito.
ResponderExcluiradorei
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